Mesmo ao afirmar em discurso que Edivaldo Holanda ainda iria governar o Maranhão, nas eleições municipais de São Luís em 1985, Sarney preferiu indicar Jaime Santana para concorrer contra Gardênia Gonçalves.
O blog inicia a série
de reportagens “Eleições 2018. Os Bastidores do Poder”. Para essa edição
inaugural, o convidado é o deputado estadual Edivaldo Holanda (PDC-MA).
O
parlamentar recebeu o titular do blog para a entrevista, que se transformou em
um descontraído “bate papo”.
Na conversa, contou ‘de tudo, um pouco’, sobre sua
vida escolar, ascensão profissional, seu encanto com a política e desencanto
com políticos.
Cursão Humberto de Campos
A ascensão empresarial de Edivaldo Holanda está ligada à sua
formação educacional, iniciada em Fortaleza-Ceará.
“Conclui meus estudos no
colégio Humberto de Campos, da rede pública, em Fortaleza, e na capital
alencarina, conheci uma modalidade de ensino pouco conhecida à época: o supletivo”,
relevou o parlamentar.
Edivaldo Holanda revelou, que levou essa ideia de conclusão rápida
do ensino básico e médio, na sua bagagem para São Luís do Maranhão, cujo índice
de evasão escolar, à época era altíssimo e fundou o primeiro supletivo do
Estado, o "Cursão Humberto de Campos”, em homenagem ao colégio cearense homônimo
da sua juventude.
O visionário Edivaldo, se apoiou na LEI Nº 5.692/71 que fixa
diretrizes e bases para o ensino de 1° e 2º graus, e que trata, entre outras providências,
em seu capitulo IV, Art. 24, do Ensino Supletivo como uma forma de suprir a
escolarização regular para os adolescentes e adultos que não a tenham seguido
ou concluído na idade própria.
“Naquele tempo, fazia sucesso em São Luís, o Cursinho
pré-vestibular José Maria do Amaral, então eu criei o Cursão Supletivo, que funcionava
no prédio que hoje é o colégio Divina Pastora, no Bairro João Paulo. Foi um
sucesso”, relembrou.
Bastidores do poder
A trajetória de Edivaldo Holanda passa pela história da política
do Maranhão e do Brasil. Desde sua filiação à Aliança Renovadora Nacional
(Arena), partido de base do regime militar de 1964, sigla na qual elegeu-se
vereador de São Luís em 1976, até os dias de hoje, quando ocupa a presidência
do Partido dos Trabalhadores Cristãos (PTC).
Em seu segundo mandato de deputado Estadual, participa
ativamente do cenário político maranhense.
Nesse mais de meio século de atuação
pública, o “paraibano de nascença e maranhense de coração”, como ele mesmo se
reconhece, além de vereador, foi candidato à prefeito por três oportunidades,
secretário de estado, deputado federal constituinte e estadual por duas
legislaturas.
Na área política, um fato de bastidor, envolvendo Edivaldo
Holanda, mudaria o rumo das eleições municipais de novembro de 1985 e das suas relações
com José Sarney.
Edivaldo Holanda, afirmou que naquela eleição, as pesquisas
internas, o apontavam como o único candidato capaz de vencer a candidata
Gardênia Ribeiro Gonçalves, do então PSB.
Pleito aquele, o primeiro, com o voto
direto, na retomada da democracia pós regime militar.
Naquele momento histórico, Edivaldo ocupava o cargo de
secretário-chefe da Casa Civil do governo de Luís Rocha (1983-1987).
Gardênia, liderou a coligação “Frente Ilha desenvolvida”
composta pelo PDS, PL, PMB e PDC, por indicação do seu esposo, João Castelo, após
este, romper com o grupo Sarney, que já o tinha apadrinhado junto aos militares
para ser governador do Maranhão (1979 a 1982) e senador da república (1982).
Elogios de Sarney
Holandão relata que Sarney, em um de seus discursos, pelos
palanques da cidade, afirmou que “um dia Edivaldo Holanda iria governar o
Maranhão”.
Diante dos elogios em público, o parlamentar dava como
certo, ser ele, o candidato do grupo Sarney nas eleições municipais de 1985. O
cenário político que se formava em torno da sua candidatura era favorável.
Edivaldo, tinha popularidade e o apoio do governador Luís
Rocha, de quem era secretário-chefe da Casa Civil e do prefeito nomeado Mauro
Fecury.
Ledo engano. Sarney o comunicou pessoalmente sua opção por Jaime
Santana (PFL). Este, por sua vez, em uma composição com PCdoB, perdeu a disputa
para Gardênia.
Foi um duro golpe de Castelo em Sarney e de Sarney em Edivaldo
Holanda. Um divisor de águas entre os Holanda e a família Sarney.
“Eu me preparei para governar o Maranhão”, disse Holanda? Que é formado em Administração Pública Governamental pela Universidade Coral Gueibol nos EUA, o que atesta a vocação do parlamentar para a vida pública
Em busca desse ideal, Edivaldo foi eleito deputado federal constituinte,
mas amargou duas derrotas ao concorrer à prefeitura de São Luís, nas eleições de
1988, perdida para Jackson Lago e em 2004, vencida por Tadeu Palácio, ambos do
PDT.
Mas, para o deputado estadual, que busca a reeleição, as
palavras de Sarney sobre seu, futuro enquanto gestor do Maranhão,
se concretizaram por outros caminhos.
Seu filho, Edivaldo Holanda Junior (PDT), é o atual prefeito de
São Luís, em seu segundo mandato, e o grupo político que o parlamentar apoia, governa o Maranhão, liderado por Flávio
Dino (PCdoB), pré-candidato à releição.
Reportagem Especial:
Uerbet Santos
Foto: Divulgação/Assembleia Legislativa do Maranhão
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