9/05/10

E AGORA, JOSÉ ? ? ?

No quinto dia das medições do tracking Vox Populi/Band/iG,
Dilma Rousseff obteve 53% e José Serra 24% das intenções de voto
"Há que se ter cuidado com as declarações sobre adversários. Foi dito que Mantega era correto e Lula estadista. E agora, José?" 
Inspirado nessa critica do ex-prefeito do Rio e candidato ao Senado Cesar Maia  (DEM) sobre os comentários elogiosos feitos pelo candidato José Serra ao Presidente Lula e ao ministro da Fazenda Guido Mantega, postado por Maia no twitter de Serra, parafraseei o poema de Carlos Drumond de Andrade, José”. Qualquer semelhança com a atual situação política do candidato tucano (prestes a perder a corrida presidencial para Dilma do PT ainda no 1º turno), não é mera coincidência. 





José



E agora, José? 
A Dilma disparou,
a luz a pagou,
o povo sumiu,
o palanque esfriou,
e agora, José?

E agora, você? 
Você que tem sobre nome,
que zomba dos outros, 
você que discursa
reclama, protesta?

E agora, José?
Está sem poder,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode mandar, 
já não pode jurar,
punir já não pode,
a campanha esfriou,
o dia “D” não veio, 
a faixa não veio 
O voto não veio, 
não veio a utopia
e tudo acabou 
e tudo  fugiu
e tudo mofou, 
e agora José?

E agora, José? 
sua doce palavra,
seu instante de febre, 
sua gula e jejum,
sua biblioteca, 
sua  lavra de ouro,
seu terno de vidro, 
sua incoerência,
seu ódio — e agora?

Sem a chave na mão, 
quer abrir a porta,
não existe porta; 
quer morrer no mar,
mas o mar secou; 
quer ir para Brasília,
Brasília não há mais. 
José, e agora? 

Se você gritasse, 
se você gemesse,
se você tocasse
o jingle tucanense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro,
qual bicho do mato
sem Teogonia
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

Parafraseado do Poema "José".
Carlos Drummond de Andrade.  





















              

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