Carlos Nunes, segundo perícia contábil, fez gastos não justificados com cartões corporativos, viagens, adiantamentos e reembolsos
A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu à Justiça que o ex-presidente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) Carlos Nunes (foto acima) ressarça a União e a entidade por causa de gastos não justificados ou comprovados durante a sua gestão.
Caso isso aconteça, essa será a primeira vez que um presidente de confederação é condenado por administração temerária.
Nunes foi presidente da CBB durante dois mandatos, entre maio de 2009 e março de 2017. Esses gastos foram feitos, em partes, com dinheiro público, através da Lei Agnelo Piva e da Lei de Incentivo ao Esporte.
O pedido foi feito após o perito Affonso d’Anzicourt emitir um laudo, a pedido da 2ª Vara Federal do Rio de Janeiro, listando uma série de gastos de Nunes, como em cartões corporativos, viagens (inclusive cruzeiro), adiantamentos e reembolsos que não tinham a devida justificativa.
Entre os pagamentos há a quitação de boletos para o filho de Nunes, que não tinha ligação com a CBB, e adiantamentos para a esposa dele, por exemplo.
Segundo o laudo contábil, durante a gestão de Nunes a receita subiu 136%, de R$ 15,8 milhões para R$ 21,4 milhões. Porém, o patrimônio líquido foi de R$ 90.895 para R$ 7.611.625 negativos, uma redução de 8.374%.
O documento também diz que durante esse período, tanto o COB quanto o Ministério do Esporte impugnaram a prestação de contas da CBB por irregularidades. Os valores são de R$ 1,6 milhão e R$ 2,5 milhões, respectivamente.
Além disso, a Eletrobrás cancelou o patrocínio a entidade porque as prestações de contas não foram aprovadas. Um procedimento foi instaurado e o valor a ser devolvido é de R$ milhões. Por outro lado, a CBB — durante a gestão Nunes — entrou na Justiça pedindo R$ 18,7 milhões por quebra de contrato.
Segundo uma auditoria interna citada no laudo, foram identificadas "diversas inconsistências com o uso de recurso", incluindo os gastos com os familiares do presidente. A quantia com uso de cartões corporativas, entre outros gastos sem justificativa, totalizou o montante de R$ 1.591.294,73.
O perito também identificou R$ 1,9 milhão em tributos não pagos e R$ 13,3 milhões em "contratos de prestações de serviço com valores que posteriormente se tornaram difíceis de honrar, dando origem a contratos de confissão de dívidas impagáveis, dando início a uma série de ações cíveis".
Fonte: O Globo. - Athos Moura
Foto: Pedro Kirilos / Agencia O Globo