2/18/14

SEMINÁRIO DE PRODUÇÃO CULTURAL (PARTE 2)



                                                                                   
PRODUTOR CULTURAL.  O FAZ TUDO.

O segundo dia do Seminário “Produção Cultural Formação e Mercado: Perspectivas e Conexões” foi pautado pelas palestras e debates sobre produção e mercado. Foi  consenso entre os participantes do evento que existe um hiato entre o fato de se produzir e colocar esse produto cultural no mercado. É como bater um escanteio e fazer o gol de cabeça. É nesse campo que o produtor cultural atua. Ele cria, planeja, produz, comercializa e gerencia todo o processo de execução do seu produto cultural. Mais nada disso se iguala ao fato de ter que encarar (o todo poderoso patrocinador), com aquele ar de pedinte de fim de feira, a cata de migalhas. A antropóloga, Rachel Gadelha, mediadora no 2º dia do evento falou sobre essa postura submissa do produtor, “Antes de tudo, o Produtor Cultural tem que ter ciência de estar oferecendo um produto e que o investimento feito pelo patrocinador naquele produto terá um retorno através, principalmente, da imagem institucional da marca do seu produto ou serviço”. Nada de ser visto como um coitadinho que esta precisando de Ajuda! 

PRODUTOR CULTURAL NÃO É PEDINTE.

À frente da Via de Comunicação e Cultura, empresa de eventos que organiza ha 15 anos o Festival Jazz e Blues de Guaramiranga, Rachel Gadelha falou com a propriedade de quem teve de enfrentar muitos desafios para fazer do seu produto cultural um sucesso de crítica e de público. “Tenho a impressão que os produtores ainda estão muito voltados para os Editais e Leis de Incentivo, mais acho que devem ir além, pois um projeto cultural é muito maior do que esse pequeno universo das Leis. Todo projeto deixa um legado, uma marca é isso que deve se ter em mente”, desabafa Rachel.

LABORATÓRIO DE INTELIGÊNCIA SOCIOCRATIVA


 De fato o produto cultural é um se vivo e múltiplo. É o que defende um dos palestrantes do evento, André Martinez, fundador do Laboratório de Inteligência Sociocriativa.  Nosso objetivo é realizar investigação-ação independente com o propósito de desenvolver métodos de design e gestão de projetos sociocriativos: empreendimentos, organizações, políticas, estratégias e arranjos que busquem inovação social de forma sustentável e a partir de fluxos e processos criativos”. Partindo do princípio de que projetos sociocriativos são sistemas vivos que podem gerar novas perspectivas, são articulados  teoria e prática participativa para estudar os campos convergentes da gestão cultural, do desenvolvimento sustentável e da inovação. “Os métodos pesquisados pelo nosso laboratório são abertos e podem ser adaptados a um amplo espectro de aplicações incluindo ativação territorial, planejamento sistêmico, monitoramento, avaliação, sustentabilidade no impacto social e participação comunitária”, explica André.

EXPANDIDO O MERCADO DA MÚSICA BRASILEIRA

Em contraponto à teoria criativa apresentada por André Martinez, o palestrante e comunicólogo David Macloughlin diretor da BM&A – Brasil, Música e Artes apresentou na prática o projeto Brasil Music Exchange, procura estimular atividades e trocas de experiências no mercado musical, com o objetivo de encorajar e organizar ações de difusão internacional de música brasileira, atraindo divisas ao Brasil, além de dar suporte às exportações através da ação cultural no exterior.
Bem humorado David fez uma análise do mercado fonográfico brasileiro e uma panorâmica sobre como o mercado internacional da música vê a música Brasileira.  “Com todo respeito a João Gilberto, mais para mercado americano e europeu a música brasileira se resume a Bossa Nova, o que não é verdade, temos que mudar isso”, dispara David.
David falou que para mudar essa visão obre a música brasileira lá fora, a BM&A conta com uma equipe especializada composta por profissionais qualificados e uma extensa lista de contatos. “o Brasil Music Exchange traz ao cenário musical uma nova visão de negócios, viabilizando ações voltadas para o desenvolvimento potencial do mercado”, concluiu.


                                        MUSICAL PROMETEMOS NÃO CHORAR

O Seminário de Produção Cultural, Formação e Mercado: Perspectivas e Conexões foi encerrado com a entrega de certificados aos participantes, um coquetel e a apresentação do Pocket do musical Prometemos não chorar, que aborda, de forma bem humorada e irreverente, o universo brega, fazendo um levantamento desde a década de 60 até os dias de hoje. Os 12 atores em cena contam uma história de três irmãs, Perfídia, Carol e Diana, que perdem o pai misteriosamente e têm sua fortuna roubada pela madrasta e sua filha e se veem obrigadas a trabalhar num clube local.

 Fotos: Tebreu
 Por Uerbet Santos
Uerbet@yahoo.com.br




   



2/16/14

SEMINÁRIO DE PRODUÇÃO CULTURAL



 (PARTE 1)


“Produção cultural, formação e mercado:  perspectivas e conexões”. Esse foi  o tema do Seminário realizado pelo Laboratório de Produção nos dias 13 e 14 de fevereiro no Auditório Dragão do Mar. O evento integra o curso técnico de produção em ventos culturais  que  no período de um ano e meio capacita 40 alunos na profissão de  produtor de eventos culturais no Estado do Ceará. O projeto é uma iniciativa Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, em parceria com o Instituto Centro de Ensino Tecnológico – CENTEC, com o apoio cultural da Companhia energética do Ceará – COELCE, realizado pela Quitanda das Artes e Associação dos Produtores de Arte do Ceará – PROARTE


PRODUTOR CULTURAL. QUEM É ESSE SER INVISÍVEL?

Cláudia Leitão, mediadora do1º dia do Seminário


Durante dois  dias palestrantes e mediadores de renome tanto local quanto nacional fizeram um raio x do produtor cultural, suas atividades. Uma palavra de consenso  durante as explanações foi a invisibilidade do produtor cultura sobre vários aspectos, como por exemplo , pelo fato de não ter sua  profissão reconhecida.  “Apesar de já terem uma representatividade  classista através da  ABPC (Associação Brasileira de Produtores Culturais) e da  ABGC (Associação Brasileira de Gestão Cultural), um  dos grandes desafios que  esse segmento enfrenta   é o reconhecimentos  da profissão de produtor cultural  através do registro na Classificação Brasileira de Ocupações – CBO, que  é um documento  emitido pelo Ministério do Trabalho  e Emprego que retrata a realidade das profissões do mercado de trabalho brasileiro, que tem por filosofia sua atualização constante de forma a expor, com a maior fidelidade possível, as diversas atividades profissionais existentes em todo o país, sem diferenciação entre as profissões regulamentadas e as de livre exercício profissional”, explica Cláudia Leitão, Ex-secretária da Economia Criativa do Ministério da Cultura e uma das mediadoras do Seminário.


CURSO DE PRODUÇÃO CULTURAL
Cena de Escola - Cerâmica pintada (Noemisa Batista dos Santos, MG)
Fonte: livro "Viva Cultura Viva do povo brasileiro Museu Afrobrasil
 
Outro exemplo que ratifica a relevância da produção cultural na cultura e na economia brasileira  vem lá do Estado do Rio de Janeiro. A Universidade Federal Fluminense  instituiu o Curso de Produção Cultural em Niterói. O  Professor  Titular  do curso, Luís Augusto, um  dos palestrante do Seminário detalhou  aos presentes  os avanços que os alunos tem obtido com a graduação em  Produção Cultural. “ Para minha grata surpresa , tivemos um número expressivo de profissionais que depois de formados preferiram a magistratura, mas vale ressaltar que os profissionais que ganharam o mercado, na sua grande maioria, optaram por abrir seu próprio negócio  o que  confirma o espírito empreendedor dos produtores culturais”. 

ÁREA DE ATUAÇÃO DO PRODUTOR CULTURAL


A área de atuação do produtor cultural  é ampla, o profissional se encaminha para a criação e organização de projetos e produtos artístico-culturais, lidando com todas as etapas implicadas neste processo.  “O produtor cultural  graduado está habilitado a Atuar na área de planejamento e gestão cultural em nível público e privado; planejar a integração entre a criação artística e a gerência administrativa na produção de espetáculos (teatro, dança, música, circo etc.), produtos audiovisuais (filmes, telenovelas, discos, CDs, DVDs), obras literárias, entre outros setores da indústria cultural. Atua  na curadoria e organização de mostras, exposição e festivais em diversas áreas artísticas; Trabalha em setores de marketing cultural; Exerce a gerência cultural e operacional em instituições públicas e privadas, atuando em centros culturais, galerias de arte, museus, bibliotecas, teatros, cinemas; Compõe  equipe governamental de gestão cultural em níveis municipal, estadual e federal, auxiliando na definição de políticas públicas para a cultura;  contribuir nas ações de preservação e revitalização do patrimônio cultural além de atuar  em ensino, pesquisa e extensão no magistério superior na área de produção Cultural e áreas afins, detalho o Professor Augusto.
 

ENTRE PONTOS. OS NOVOS RUMOS DA PRODUÇÃO MUSICAL DO CEARÁ.


Ivan Ferraro - Palestrante Seminário sobre produção cultural
Completou o quadro de palestrantes  no 1º dia do evento, Ivan Ferraro, músico, produtor cultural, sócio-diretor da MidiaMix Comunicação, idealizador e coordenador geral da Feira da Música de Fortaleza,  presidente da  Associação dos Produtores de Cultura do Ceará (Prodisc) e gestor da Casa Fora do Eixo Nordeste.

O produtor musical, fez um apanhado aos participantes do Seminário da sua trajetória à frente  da Feira da Musica, que já virou um case de sucesso e falou sobre a evolução desse  projeto pioneiro na difusão musical cearense através do Programa Entre Pontos  que percorre anualmente quatro cidades cearense onde ficam por duas semanas em cada uma delas onde realizam rodas de conversas, grupos de trabalho, relatos de experiência e um laboratório prático de produção cultural envolvendo os participantes na realização de uma mostra cultural.  “ O Programa Entre Pontos   nasceu da necessidade de  estimular e fortalecer o desenvolvimento sustentável e integrado de projetos de negócios na área da Cultura no mercado  local, regional . A nossa expectativa é contribuir para a qualificação e fortalecimento do setor, através da integração e formação das pessoas envolvidas na gestão, desenvolvimento e administração de empreendimentos culturais”, conclui Ivan.



APRESENTAÇÃO DA ORQUESTRA DE SOPRO DE PINDORETAMA



O 1º dia do Seminário de Produção Cultural, Formação e Mercado: Perspectivas e Conexões, foi encerrado com um coquetel e a apresentação da Orquestra  de Sopros de Pindoretama  que atua como escola de música, formando instrumentistas de sopro e percurssão no interior do Ceará. O grupo, que tem como integrantes alunos das escolas públicas da região, já se apresentou em Festivais de Música em Pinneberg, Lubeck, Kiel, Widel e Hamburgo, na Alemanha Em 2006 tocou na programação cultural da Copa do Mundo de Futebol.
  

Por Uerbet Santos

Uerbet@yahoo.com.br






   

12/09/13

A POÉTICA MUSICAL DE JOSÉ CHAGAS.



Transformar poesia em música. Essa foi a ideia do compositor Zeca Baleiro e do poeta  Celso Borges para fazer um tributo ao poeta José Chagas.  O resultado dessa alquimia musical  está no CD  "A palavra acessa de José Chagas". lançado no último dia 5de dezembro no Teatro da Cidade de São Luis ( antigo  Cine Roxy ) em grande estilo com participação dos artistas maranhenses que integram as 14 faixas do CD e de convidados especiais, como Chico Cesar, Fagner e  Ednardo, Durante o evento foi exibido um documentário em vídeo de 15 minutos sobre José Chagas com base em depoimentos do poeta  à Zeca Baleiro captado em 2006.
O Encarte que integra o CD é uma atração à parte  Segundo Zeca Baleiro mais parece uma obra de arte. As ilustrações são de Paulo Cesar com fotografia de Edgar Rocha. Quem assina o projeto gráfico é Andréa Pedro. A mesma unidade visual do CD foi  utilizada no documentário.


QUEM É JOSÉ CHAGAS?

 José Chagas, como ele mesmo se define, é paraibano de nascença (natural de Piancó) e maranhense de coração. Aos 89 anos já publicou mais de 20 livros de poesia entre eles Os Telhados, Os Canhões do Silêncio,  Maré Memória e Lavoura Azul. e publicou centenas de cronicas e poesias  nos jornais maranhenses com destaque para a Cidade, seus Telhados, suas palafitas e seus mirantes.
Radicado no Maranhão ha 50 anos, é membro da Academia Maranhense de Letras e por influencia de violeiros  da sua terra natal começou a escrever aos 5 anos.

JOSÉ CHAGAS E A SUA PAIXÃO PELA MÚSICA.   

A admiração de Zeca Baleiro por José Chagas não é de hoje. Desde a infância já conhecia o seu talento, pois ele frequentava a casa do seu vizinho, o jornalista Paulo de Nascimento Morais. Lá  presenciou uma faceta do poeta que pouca gente conhece seu dom musical. "Um também habitué nas manhãs de domingo na casa do meu  vizinho Paulo era o poeta José Chagas, já na época uma lenta viva da Literatura maranhense aos olhos da minha família... Só que para nossa surpresa, Chagas não estava ali em nome da poesia. Não. Músico amador que era, ele desembainhava seu saxofone e desfiava repertório de primeira, afinada e melodiosamente. Entre os seus clássicos dominicais, constavam sempre Rosa de Maio e Carinhoso. Meus pais, eu e meus irmãos ficávamos maravilhados com o som que vinha do lado, mágica que  se repetia quase todo domingo, pontual como uma missa", conta Baleiro.

A PALAVRA ACESA. 

O título do CD  foi inspirado em um poema de grande sucesso de José Chagas:  A palavra acesa, publicado originalmente  no livro Os Telhados (1965), fez sucesso nos anos 70, musicado pelo Quinteto Violado e ganhou notoriedade nos anos 90 ao fazer parte da trilha sonora da  novela Renascer como tema do personagem Tião Galinha, interpretado pelo ator Osmar Prado.A nova versão foi musicada por Fernando Filizola e interpretado por Zeca Baleiro. Confira aqui o poema na íntegra:

Se o que nos consome fosse apenas fome.
Cantaria o o pão.
Como o que sugere a fome.
Como o que sugere a fala.
Para quem cala.
Como o que sugere a tinta.
Cmo o que sugere a cama.
Para quem ama.

Palavra quando acesa.
Não queima em vão.
Deixa uma beleza posta em seu carvão.
E se não lhe atinge como uma espada.
Peço não me condene oh minha  amada.
Pois as palavras foram pra ti amada

Por Uerbet Santos

Fonte: Encarte do CD A Palavra Acessa de José Chagas - Saravá Discos. 
Fotos: Sayonara Balaio








10/03/13

DISQUE MIQUÉIAS BOM DIA!



As quadrilhas usam mulheres bonitas para aliciar  servidores
 de prefeituras e governos estaduais como a bela modelo
Luciane  Hoepers, de 33 anos. 

O Departamento de Policia Federal além de se notabilizar por exercer com abnegação a  segurança pública para a preservação da ordem pública e da segurança das pessoas  dos bens e interesses da União  enquanto polícia judiciária da União, se destaca também por  “batizar” as operações que realiza no território nacional  com nomes criativos e bem adequados  à operação.

O exemplo mais recente dessa avalanche de criatividade (digno de aplausos, dos profissionais de criação publicitária)  e a Operação Miquéias  que investiga duas organizações criminosas: uma envolvida em lavagem de dinheiro e a outra acusada de má gestão de recursos de entidades previdenciárias. Foram cumpridos 27 mandatos de prisão e 75 de busca e apreensão  no Distrito Federal (onde ficavam os líderes das quadrilhas), e em nove estados do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão, Amazonas e Rondônia.


                 QUEM FOI  MIQUÉIAS?
Ilustração do Profeta Miquéias  escrevendo seu Livro, 


A PF foi buscar  inspiração para o título da sua operação em um personagem  bíblico do Século VIII A.C o Profeta Miquéias que empunhava seu cajado e denunciava os governantes, chefes e ricos das cidades de Jerusalém e Samaria que roubava o povo através da língua enganosa, com armadilhas, exigiam presentes e subornos. Miquéias também denunciou em seu livro escrito há quase 2700 anos a cobiça, os ganhos imorais, a maldade planejada, a balança desonesta e o crime organizado.
Qualquer semelhança das ações dos governantes e lobistas de outrora com os dos dias atuais não é mera coincidência.

TUDO COMEÇOU COM OS MILITARES.


Segundo informações colhidas no site da UOL, A prática de batizar as ações teve início com os militares (a Operação Condor, de perseguição e morte de políticos de esquerda nos anos 70, é a de mais triste lembrança). E desde que o DPF  foi criado, em 1944, o batismo existe na corporação para padronizar uma investigação e facilitar a organização das centenas de réus, investigados, empresas ou órgãos públicos envolvidos nos casos, e que devem prestar contas à Justiça. 


BOOM DE CRIATIVIDADE

A Jornalista  Ana Luisa Bartholomeu disse na matéria  do UOL On Line que “ a inspiração pode vir da mitologia: Zeus, Têmis, Vênus, Netuno ou Morpheu. Da Bíblia: Sodoma, Iscariotes ou Zaqueu. Da geografia: Veneza, Roterdã ou Alasca. Do zoológico mais próximo: Rapina, Hiena, Lacraia, Zebra ou Camaleão. Ou até mesmo de um dicionário de inglês: Hurricane, Game Over, Wood Stock, Pen Drive ou Firewall”. 

DISQUE MIQUÉIAS

Portanto, se para formar a maioria dos nomes das operações da Polícia Federal, o uso de metáforas é liberado, que tal  pegarmos carona na esfera criativa da PF  e criarmos o Disque Miquéias? Seria oportuno e uma boa forma de  repreensão  ao desvio de recursos público  Brasil à fora.  

Por Uerbet Santos



9/10/13

HOMENAGEM A FERREIRA GULLAR

Ha exatos 83 anos, (10.09.1930) nascia em São Luís do Maranhão, o maior poeta brasileiro vivo: Ferreira Gullar. Um ferreiro das palavras que limou os cascos da ditadura com suas bolinhas de escrever e sua gula pela poesia..
Aqui uma amostra do seu talento: TRADUZIR-SE





Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

Ferreira Gullar