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O Mestre da Cerimônia de abertura dos Jogos Escolares, Flávio Canto |
Nos nove dias de competições, em
13 modalidades, somados os esportes individuais e coletivos, de fato, houve um “amigo
mais certo e leal” em comum, uma presença constante, como destaca o letreiro no
Ginásio: o espírito esportivo. Este, em sua forma mais empírica, foi o fio
condutor das inúmeras provas de superação vivenciadas por jovens atletas,
familiares, organizadores e colaboradores durante os Jogos Escolares.
Desde a solenidade de abertura,
quando a Pira Olímpica foi acessa, até o apito final da partida de vôlei que
encerrou os Jogos Escolares, o espírito esportivo, mostrou suas múltiplas facetas,
ao evidenciar em atletas reações e sentimentos controversos, como ganhar com
humildade ou perder com nobreza.
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Índias da etnia Xerente representaram o futsal do Tocantins. |
As meninas indígenas do Tocantins
são exemplo dessa “perda nobre” que ilustra o comentário. Tímidas diante de uma
entrevista ou para tirar uma foto, mas guerreiras dentro da quadra. Foram
terceiro lugar no Futsal feminino. Para a etnia Xerente, que carregam no sangue
e no sobrenome, as meninas de bronze valeram ouro nos Jogos Escolares.
Dos nove atletas da equipe
masculina de futsal do Tocantins, representada pelo Centro Educacional Frei
Antôni, sete tem origem indígena. Um deles, Waikanosem Xerente, de 14 anos,
também brilhou nos Jogos Escolares e foi convidado para treinar na equipe de
futebol sub15 do Criciúma-SC.
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O Gigante de Pernambuco, imbatível no tatame |
O que dizer do Gigante de Pernambuco, com
1,93m de altura, 145kg, Leonardo Santana, de apenas 14 anos, senão, que foi
humilde na vitória. Leo, mesmo confirmando seu favoritismo e conquistando o
bicampeonato de judô na categoria pesado, ainda no tatame, no furor da
conquista, ao invés de comemorar o feito, ficou solidário com o estado de saúde
do seu adversário (que sofreu uma grave lesão no joelho durante a luta).
Seleiro de revelações
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Maria Eduarda, de 14 anos, maior medalhista da natação com sete de ouro |
A resposta da juventude quanto
submetida aos estímulos saudáveis que o esporte proporciona produz resultados
imediatos. A etapa de 12 a 14 anos dos Jogos Escolares em Fortaleza é o reflexo
de um seleiro de novos atletas de alto rendimento que estão em formação.
Exemplos não faltam.
Um desses nomes que despontaram
nos Jogos Escolares foi o da estudante do Colégio Criativo-SP, Maria Eduarda
Sumida, de 14 anos, maior medalhista da natação com sete de ouro e maior
vencedora de todas as modalidades individuais da edição 2015 dos Jogos
Escolares. “A minha principal característica é a determinação. Fazer o
que eu faço é muito difícil. Eu vi muitas colegas desistirem. Eu insisti e para
chegar aonde eu cheguei tem que ser determinada”, declarou a nadadora.
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Kamila Soares de 1,97m tem proposta pra jogar em Portugal |
Outras duas revelações surgiram do
basquete, onde a altura dos atletas faz a diferença quando também equacionada
com a qualidade técnica. No masculino, o destaque é Matheus Maciel, de 14 anos
e 2,04m, do Colégio Amorim-SP, o atleta mais alto da competição, que joga há
apenas um ano e meio, mas tem uma performance de quem pratica a modalidade a um
bom tempo.
Já no feminino, quem fez a
diferença, foi a pivô Kamila Soares, com 1,97m, aos 13 anos, estudante do
Colégio Ícone de Montes Claros-MG, atleta mais alta do torneio feminino de
basquete que já tem proposta para jogar em Portugal neste fim de ano.
Mas, não só os destaques
individuais prevalecem nos esportes coletivos, no vôlei feminino, por exemplo,
a união do grupo foi fundamental para a equipe do CEL (RJ) conquistar uma
medalha de ouro da primeira divisão do torneio e se tornar pentacampeã da
competição.
O espírito olímpico também se
vestiu com o uniforme da superação.
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Os guerreiros da equipe mista de luta greco-romana da Paraíba |
Foi o que aconteceu com a equipe mista de luta
olímpica da Escola Municipal Francisca Mourão, da Paraíba, que, em meio as
dificuldades para treinar e participar da competição, conseguiu superar as
adversidades, tanto fora quanto dentro do tapete, e foram campeões na
modalidade. A lutadora, Lesly Silva, de
14 anos, definiu bem o espírito da equipe: “Nunca desistimos dos nossos sonhos,
no esporte e na vida”.
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Vitor Amorim, campeão do torneio individual de xadrez |
Outra faceta, do chamado espirito
olímpico, na edição de Fortaleza dos Jogos Escolares foi protagonizada por Vitor
Amorim, de 13 anos, do Colégio Atena, de Minas Gerais, campeão do torneio
individual de xadrez. Vitor iniciou na modalidade aos seis anos, por uma
necessidade da sua mãe, Nilza Amorim, professora de matemática, que não tinha
com quem deixá-lo enquanto trabalhava. A solução foi matriculá-lo em uma escolinha
de xadrez onde tomou gosto pela modalidade. O resultado não tardou a vir. Aos
11 anos ensinou vários colegas a jogarem xadrez. Um deles, Luiz Felipe, foi
campeão sub-10 de Araxá-MG logo no ano seguinte, Vitor foi o campeão.
A primeira medalha cearense
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Rômulo Muniz, 14 anos, ganhou o 1º ouro para a equipe de Fortaleza-CE |
Uma situação inusitada vivenciada
nos Jogos Escolares foi quando, na tarde daquela sexta-feira, dia 4 de
setembro, pela primeira vez, uma medalha de ouro bateu à porta de Rômulo Muniz,
14 anos, do Colégio Municipal do Corpo de Bombeiros de Fortaleza, cidade-sede
dos Jogos Escolares. O judoca foi o
primeiro competidor individual cearense a ganhar uma medalha de ouro na
competição. Conquista esta, que lhe rendeu frutos imediatos. A partir de
janeiro de 2016, o atleta vai integrar a seleção brasileira escolar na cidade
de Pindamonhangaba-SP.
Nas arquibancadas também
encontramos iniciativas que fazem dos Jogos Escolares formam uma grande família
desportiva, comprovando que não basta ser pai, tem que participar. Um desses
exemplos é a caravana de familiares torcedores de São Luís do Maranhão. O grupo,
além de torcer para o time feminino de basquete do Colégio Educallis, levaram
na bagagem para os ginásios de Fortaleza um pouco da cultura maranhense, numa
festa de sons e cores, pandeirões e matracas marcaram o ritmo da torcida,
enfeitada com chapéus de brincantes do bumba-meu-boi.
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Não basta ser pai tem que participar |
Outra demonstração da
participação dos pais, enquanto torcedores, durante os Jogos Escolares, foi a
eufórica caravana de 20 pais torcedores de Santa Catarina, que incentiva os
filhos em cinco edições dos Jogos Escolares. Uma iniciativa da Associação de
Pais e Professores da Escola Municipal Professor Erwin Prade, que, desde 1984,
estimula interação dos familiares nas atividades extraclasse dos filhos.
O Jogos Escolares em números.
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Comitê de imprensa dos Jogos Escolares da Juventude |
Os Jogos Escolares, etapa de 12 a
14 anos, em Fortaleza-CE, também foram escritos em resultados. Muitos recordes
e marcas foram superadas nas pistas de atletismo, nas raias da natação e nos
aparelhos de ginastica. Seja, nadando, saltando, lançando, arremessando,
dançando ou fazendo evoluções nos aparelhos de ginastica, é inegável o poder de
superação desses jovens atletas. Mas, uma competição dessa envergadura também computa
números dignos de recordes na sua estrutura organizacional.
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9 dias de competição
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4.500 participantes
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3.850 atletas
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Mais de 1.300 escolas de todo o brasil
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350 voluntários
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400 árbitros
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500 pessoas no Comitê Organizador
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13 modalidades esportivas
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11 locais de competição
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29.000 diárias de hotel
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55.000 refeições servidas
Fair Play
O chamado fair play do esporte, que é a troca de
gentilezas entre os adversários, também aconteceu fora das áreas de competição,
através da troca de pulseiras, entre os participantes nas cores dos elos
olímpicos. O troca-troca de pulseiras promoveu a interação entre os jovens,
estimulando a lembrança dos bons momentos vivenciados, seja no centro de
convivência, nos alojamentos, refeitórios, nas arquibancadas ou competindo. O
resultado dessa interação foi o estreitamento de laços de amizade que aproximou
os diferentes sotaques e culturas dos 26 estados da Federação, do Distrito
Federal que também ecoou além das nossas fronteiras, com participação dos
nossos “hermanos” argentinos.
Dentre os muitos ensinamentos
deixados pelos Jogos Escolares em Fortaleza, talvez o mais relevante seja que, a
união entre cultura, educação e esporte é o caminho mais curto para se obter
resultados na construção da cidadania, base para a formação de valores humanos
solidários e comprometidos com uma convivência harmônica com as diferenças
culturais, étnicas e de gênero entre os povos.
A Próxima edição será entre 12 e 21 de novembro, em Londrina e Maringá,
no Paraná, para atletas de 15 a 17 anos.
Entre 12 e 21 de novembro Pira
Olímpica dos Jogos Escolares Brasileiros será acessa nas cidades de Londrina e
Maringá (PR) que receberão a etapa para atletas de 15 a 17 anos. Para essa
faixa etária, o vôlei de praia substitui o badminton. Onde, mais uma vez, jovens atletas, terão a
oportunidade de exercitar nessas olimpíadas juvenis, a máxima eternizada pelo
fundador dos Jogos Olímpicos da era moderna, o Barão de Coubertin “O importante
é competir”.
Quando os atletas estudantes,
de 15 a 17 anos, receberem o bastão no Paraná e a maior competição estudantil
da América Latina começar, estarão também, tendo a oportunidade de, no futuro,
fazerem parte da lista 75 atletas que passaram pelos Jogos Escolares que hoje
se somam aos 304 atletas do Time Brasil nas modalidades que integram o programa
dos Jogos Pan-americanos Toronto 2015. A exemplo da campeã olímpica Sarah
Menezes e a campeã mundial Mayra Aguiar, ambas do judô, que também tiveram nos
Jogos Escolares uma base de referência para despontarem como atletas de alto
rendimento.
Educação, Cultura e Cidadania
aliada a boa prática esportiva são marcas que identificam os Jogos Escolares da
Juventude. Em Londrina e Maringá, no Paraná, os atletas terão a chance de pôr
em pratica esses conceitos e também contribuírem para que o sentimento que o
Barão de Coubertin teve quando criou os Jogos Olímpicos continue vivo. “Que a
Tocha Olímpica siga o seu curso através dos tempos para o bem da humanidade
cada vez mais ardente, corajosa e pura”, Pierre de Coubertin.
Os Jogos Escolares da Juventude
foram organizados e realizados pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), correalizados
pelo Ministério do Esporte e Organizações Globo, com apoio do Governo do Ceará
e da Prefeitura Municipal de Fortaleza e patrocínio máster da Coca-Cola.
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