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Da esq. p/ a dir.: Plinio Bartolotte, Francisco Júnior,
Afro Lourenço e Pedro Rocha. |
“Jornalismo e o Papel Social na Mídia”. Este foi o tema do debate realizando ontem (23) no Auditório Via Corpvs no Centro Universitário Estácio-Fic, com a participação de Plinio Bortolotte, jornalista e diretor institucional do Jornal O Povo, Afro Lourenço, diretor da Acert (Associação Cearense de Emissoras de Rádio e Televisão) e Pedro Rocha, Jornalista e representante do Coletivo Nigéria e mediado pelo professor e coordenador do Curso de Jornalismo da Estácio-Fic, Francisco Júnior (Valente).
O evento faz parte da programação de comemoração do Curso de Jornalismo da Estácio pela passagem do Dia do Jornalista (sete de abril). Data escolhida para homenagear a classe. Nesse dia, pela primeira vez na história da imprensa nacional, Hipólito da Costa, de Londres, passou a editar regularmente aquele que é considerado o primeiro jornal brasileiro: o Correio Braziliense ou Armazém Literário, que circulou de 1° de junho de 1808 a 1823 editando 29 volumes, pois à época a impressão de jornais e folhetins no Brasil era uma exclusividade da Coroa Portuguesa.
LIBERDADE DE EXPRESSÃO.
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Jornalista Sheherazade processada por
fazer comentário incitando apologia ao crime |
Até que ponto vai à liberdade de imprensa? Com essa questão, o jornalista Plinio Bortolotte abriu sua participação no Debate. Com base em artigo publicado em seu Blog, fez uma relação entre a liberdade de imprensa e a “moda” de processar jornalistas, como exemplo citou o processo aberto por Gilmar Mendes, ministro do STF contra o Jornalista Rubens Valente onde Mendes contesta menções feitas a ele no livro Operação banqueiro, no qual o jornalista Rubens Valente narra os bastidores da operação Satiagraha (2008) e a representação aceita pela Procuradoria Geral da República feita da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) contra a jornalista Sheherazade, âncora do STB-Brasil por achar que ela fez apologia ao crime, incitando à tortura e ao linchamento ao defender em seu comentário um bando que agrediu e prendeu com uma trava um adolescente negro.
O DIREITO DE DIZER O QUE ÁS PESSOAS NÃO QUEREM OUVIR.
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George Orwell , o Pensador |
Plinio citou frases de lideres mundiais e pensadores que deixaram evidentes posições, no mínimo controversas sobre o papel do jornal na sociedade, como por exemplo, a frase do 3º presidente dos Estados Unidos, Thomas Jefferson, dita quando ainda jovem com ideias libertárias: “Se pudesse decidir se devemos ter um governo sem jornais ou jornais sem governo, eu não vacilaria um instante em preferir o último. ” Já estadista, cunhou essa outra pérola que põe em dúvida a credibilidade na notícia jornalista: “Leio apenas um jornal, e assim mesmo mais pelos anúncios que pelo noticiário." E para reflexão, o jornalista falou o conceito de liberdade de expressão na visão do pensador George Orwell:” Se a liberdade significa alguma coisa, será, sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir”.
A VERDADE DOS FATOS. DOA A QUEM DOER
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Explanaçãode Afro Lourenço diretor da Acert |
Afro Lourenço, Diretor da Acert, ratificou alguns conceitos sobre a notícia e sua relação com profissão de jornalista, “O fato é a obra prima da notícia e o público quer que você diga o que de fato realmente aconteceu”. Lourenço falou sobre o papel transformador que o jornalista tem na sociedade. “A função do jornalista é nobre. Ele é capaz de mudar o curso da história. Doa a quem doer”, disparou Afro, citando o slogan usado pelo jornalista Cid Carvalho em seu programa de Radio diário no Grupo Cidade de Comunicação.
POLÊMICA: DEMOCRATIZAÇÃO NAS CONCESSÕES.
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Momento da apresentação do teaser do documentário
Com Vandalismo da Nigéria Filmes |
“Há uma democratização na distribuição das redes de tevês pelo Brasil” A afirmação do Diretor da Acert, apimentou o Debate. O jornalista Pedro Rocha, apresentou dados do Coletivo Brasil de Comunicação Social (Intervozes) que apontam no sentido contrário. “No Brasil a mídia é monopólio de seis redes privadas com 138 grupos afiliados e 668 veículos entre Televisões, Rádios e Portais de Internet.” Iargo acredita que deve haver uma regularização democrática da mídia e um controle na distribuição dessas concessões principalmente para políticos. “O artigo 54 da Constituição Federal proíbe políticos de serem proprietários ou diretores de canais de TV e Rádio em firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, mais na prática isso não acontece”, alerta Pedro.
DIREITO DE RESPOSTA
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A comunidade acadêmica compareceu em massa
ao evento no Auditório da Via Corpvs. |
Outro assunto polêmico no Debate foi direito de resposta. Estudantes de jornalismo presentes ao evento manifestaram sua indignação com alguns veículos de comunicação e seus critérios adotados para garantir a retificação do ofendido. O presidente da Acert esclareceu que o direito de resposta não é Lei e que os veículos aplicam o princípio da proporcionalidade. Ou seja, dar o mesmo espaço ou tempo de mídia utilizado pelo ofensor ao ofendido.
Apuramos que já foi aprovado no Senado e foi encaminhado para a Câmera dos Deputados, projeto de autoria do senador Roberto Requião (PMDB-PR) que disciplina o exercício do direito de resposta ou retificação do ofendido por matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social. O texto, no entanto, não garante resposta a comentários de leitores feitos em sites dos veículos de comunicação.
OUTRAS PAUTAS DO DEBATE
A Neutralidade de Rede, um dos pontos principais do Marco Regulatório da Internet, recentemente sancionado pela Presidente Dilma, a liberdade dos jornalistas nas redações na aprovação das matérias em desacordo com a linha editorial do veículo de comunicação e a busca de alternativas de mídia com foco no jornalismo investigado, (como é o caso da Nigéria Vídeos que produziu o documentário Com Vandalismo durante as manifestações que ganharam as ruas em junho de 2013), também estavam na pauta de debates.
Por Uerbet Santos
Fotos: Tebreu
Fontes:
http://blog.opovo.com.br/pliniobortolotti/
http://intervozes.org.br/
https://www.facebook.com/Nigeriafilmes
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3lito_da_Costa