5/21/13

O BOATO NOSSO DE CADA DIA.


QUANDO UM SIMPLES BOATO  VIRA UMA AVALANCHE 

 O recente boato de que o Programa Bolsa Família do Governo Federal iria acabar gerou uma verdadeira peregrinação de 900 mil beneficiários às agencias da Caixa para sacar aquele que seria o último recebimento do Bolsa.  Representantes da  Caixa e a  assessoria da presidência em nota e em entrevistas na grande mídia,  trataram de desmentir rapidamente a falsa informação, mas o estrago já estava feito. Em vários estados brasileiros as cenas de tumulto nas agencias, confusões  e quebra-quebra se multiplicaram rapidamente. O boato ainda ganhou desdobramentos, uma nova versão afirmava que o Programa Bolsa Família não iria acabar e sim que seria dado um bônus, referente ao Dia das Mães.
Boataria desfeita, a Presidenta Dilma informou que a Policia Federal vai apurar os fatos para saber a origem desse boato.  Mas, para o antropólogo José Guilherme Cantor Magnani, da USP que pesquisa o assunto, rastrear a origem de um boato  não  é uma  tarefa fácil , “só numa pequena cidade do interior, onde a rede de relações é quase transparente, um boato pode ser rapidamente checado: é possível saber sua fonte e restabelecer sua cadeia de transmissão, pois todos se conhecem”.

ORIGEM DO BOATO


               O boato é a forma de comunicação mais antiga e popular que se tem conhecimento. Vem do latim boatus, significando “mugido, grito agudo”. Na Antiga Roma, os imperadores, cientes de que a plebe gostava tanto de um rumor quanto de uma luta de gladiadores, nomearam os delatores (do latim delatio, que significa contar, referir), cujo trabalho era circular pelas ruas e levar ao imperador a vox populi. Caso os boatos fossem prejudiciais à imagem do imperador, os delatores, como agentes desse verdadeiro serviço nacional de informações, versados nas artes da guerra psicológica adversa, lançavam boatos em sentido contrário. Daí o boato de que Nero colocou  fogo em Roma, cujo incêndio ,na verdade, foi gerado por uma minoria cristã descontente e atribuído ao imperador devido a sua impopularidade.

BOATO NO  BRASIL


O Brasil é um campo fértil para boatos com exemplos históricos. Quem não  lembra da polêmica  em torno da doença do Presidente Tancredo Neves, cujo os rumores apontavam para uma cirurgia de urgência ,não por doença, mas pelo fato dele ter sofrido um atentado a tiros? A jornalista Gloria Maria também contribuiu involuntariamente para que os rumores sobre o atentado contra o presidente Tancredo ganhasse força, ao deixar de fazer algumas aparições em rede nacional divulgando os boletins médicos sobre o estado de saúde do Presidente, comentários davam conta de que a jornalista teria sido também alvo de tiros durante a investida contra Tancredo Neves.



TODO BOATO TEM UM FUNDO DE VERDADE.

          Podemos afirmar que todo boato tem alguma verdade a ensinar sobre o comportamento das pessoas e o funcionamento das sociedades em que elas vivem? Na visão do sociólogo francês Jean-Noël Kapferer, sim! E por acreditar nessa crença ele catalogou mais de 10 mil boatos e com esses dados escreveu o livro  Rumeurs (Rumores)  onde  o “Caça Boatos”,  como é conhecido,  tenta explicar como eles nascem, crescem e sobrevivem. Para o controverso  sociólogo nem todo boato é falso e nem toda notícia é verdadeira. “O boato”, escreve ele, “recria o  processo do ouvi dizer, de forma acelerada, de modo a torná-la perceptível”. E você: checa uma informação ou acredita piamente que ela é verdadeira? Eu, tenho cá minhas dúvidas sobre o “ouvi dizer”... 



Artigo por Uerbet Santos

Fonte de pesquisa: Revista Super interessante

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