11/01/16

Ronaldo Nunes:“Fotografar é escrever com luz”

Crônica em homenagem à Ronaldo Nunes

Ronaldo Nunes em suas lições de Fotografia

O que é a fotografia? É claro e escuro! responderia um. É calor! responderia outro. Mas se você fizesse essa mesma pergunta ao diretor de fotografia Ronaldo Nunes, ele certamente responderia “fotografar é escrever com luz”. Pois é a luz que dá emoção, a temperatura, o clima que a fotografia exige, seja ela em cinema vídeo ou em foto. 

Hoje, a luz de Ronaldo foi brilhar em outro plano. Carioca de nascença. Cearense de coração. Sua família de cineastas, inclui os primos Reginaldo e Roberto Farias e o seu tio-pai Wilmar Menezes, a quem homenageou, quando cunhou seu nome no Centro Cultural Sétima Arte, uma organização sem fins lucrativos que ministra cursos e oficinas de fotografia para cinema e vídeo para sua multiplicadores e comunidades carentes, além de apoiar novos realizadores de filmes com a seção de equipamentos gratuitos para tirar do papel suas ideias e transformá-las em arte através do áudio visual. (Projeto este, que tive a oportunidade de participar na sua concepção gráfica da marca, além de formatação de roteiros e projetos)

Jovens que tiveream  aulas de Fotografia com Ronaldo Nunes
Fui apresentando ao Ronaldo pelo saudoso Luciano Miranda, ainda na Terraço Propaganda, para discutirmos a concepção de comerciais de TV da agencia. De lá pra cá, tivemos encontros etílicos homéricos para destilar talento, que incluíam um time de saudosos, como Marcos Belmino (Ponhonhô), Naves Ximenes, Aldifax Rios, Carlos Paiva e uma equipe de notáveis ainda em atividade, como o fotografo Cláudio Lima, Negão Bernardo e Roserberg Cariri entre outros.

Desde 1982 em Fortaleza, quando fundou a Produtora Casa de Cinema, Ronaldão, sua inseparável companheira, a amiga Vera, produtora de primeira grandeza, seus filhos e sobrinhos, hoje todas diretores, editores,  produtores  e donos de produtoras de vídeo, vêm revolucionando o mercado publicitário e cinematográfico cearense, ganhando prêmio atrás de prêmio.

Quem não lembra, do célebre comercial da indaiá, onde as garrafas penduradas são tocadas como se fora um piano, de onde emanava um luz, que literalmente canta, que só Ronaldo Nunes sabia fazer. Ou ainda, do premiadíssimo Filmes do Cineasta Rosemberg Cariri, Corisco e Dada, fotografado por Ronaldão.  

Certificado de participação do Curso de Cinema e Video da 7ª arte

Dentro ou fora do estúdio. Qualquer que seja o set, Ronaldo se comportava com a ética e o rigor que a profissão exige. Certa vez, incluímos em uma de suas palestras, o tema: “A postura do profissional no set filmagem”. O objetivo, segundo ele, era orientar toda a equipe envolvida naquele trabalho para que compreendessem que um set não é “a casa da mãe Joana”.
Cartão personalizado de Ronaldo Nunes

Meu reencontro com a família Ronaldo Nunes aconteceu a cerca de três anos, egresso de Macapá, precisei implementar alguns projetos, via Lei Roanet, e encontrei no parceiro Ronaldo, o nome e a pessoa certa para fazê-lo. Sempre atencioso, colaborativo e principalmente, mais muito preocupado em deixar sua marca, passar sua experiência para as gerações seguintes.
Still do Filme Caminho das Hortencias de Ronaldo Nunes
Nesse últimos tempos de convivência, ele parecia ter compreendido qual o seu papel nesse set da vida. Isso era claro pra mim. Sua espiritualidade falava mais alto e o deixava mais próximo de um ser de luz. A sensibilidade do diretor de fotografia, que foi capaz de destelhar uma casa no Sertão do Cariri, para captar melhor o clima da cena proposta pelo diretor, deu lugar ao realizador à serviço de um projetos pessoal, mas coletivo, no qual tive oportunidade de fazer uma participação, o filme “Caminho das Hortênsias”, em fase de edição, que mostra a trajetória de um homem passando por todas as provações do mundo espiritual até encontrar-se em si mesmo. Vai amigo! Eu continuo por aqui, tentando traduzir em palavras, o que você saber fazer divinamente bem: escrever com a luz.


Escrito por Uerbet Santos
Foto: Arquivo pessoal

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