9/23/17

Fernando Fernandes chamou de “infantil” o atual modelo de classificação funcional do Comitê Paralímpico, no ‘Conversa com Bial’


O tetracampeão disse no programa que essa modo de avaliação funcional  dos atletas foi decisiva para sua não participação nas Olimpíadas  Rio 2014



Fernando Fernandes participou nesta quarta-feira (20) do ‘Conversa com Bial’, entre os diversos assuntos da pauta, ganhou destaque, a indignação do paratleta com o atual modelo de classificação funcional adotado pelo Comitê Paralimpico Brasileiro.

“É infantil e incompetente porque não utiliza nem uma metodologia, a não ser a visual, além de confiar cegamente na boa atitude do atleta para colocá-lo na devida categoria. É feito por voluntários. Não é um sistema justo, pois é fácil de burlar. O que é muito comum no mundo paralimpico.”, dispara o ex-BBB.

A avaliação feita pelo Comitê paralimpico indica em qual categoria o atleta está apto à disputar e leva em conta a utilização dos troncos, braços e pernas na remada. KL1, usa só os braços, KL2, troncos e braços e KL3 braços, tronco e pernas.

Para Fernandes, ele deveria ser enquadrado na categoria KL2 e não na KL1, por conta disso, ficou na 5ª colocação no caiaque KL1 no Mundial de Duisburg de paracanoagem e desclassificado para a Paralimpíada no Rio de Janeiro.

O paracanoista falou à Bial que “a má utilização desse critério, refletiu diretamente no ranking de classificação do Brasil, que previa ficar em quinto no computo geral e ficou em oitavo em face de outros países se beneficiarem desse sistema de classificação”.

Fernando sugere mudanças


Fernando disse também que esse modelo tem que ser revisto, para o bem do esporte e principalmente, pelo que isso vai gerar na sociedade, pois, de acordo com o tetracampeão,

“enquanto não mudar o sistema de classificação funcional parallmpico, os atletas vão ficar conhecidos como deficientes praticando esportes e não como atletas de auto rendimento em atividade esportiva”.


O medalhista não ficou só no campo de ataque ao modelo de seleção atualmente adotado, também sugeriu soluções. “Acho que a classificação funcional deveria ser feita à parte do Comitê Paralímpico, assim como é o exame antidoping”, sugere.

O que pensam outros paracanoistas sobre o assunto?




Procurando pela nossa reportagem para opinar sobre o assunto, o paracanoista cearense Wercley Carneiro, atleta do Clube BRA Va'a do Rio de Janeiro, medalha de bronze no Campeonato Brasileiro de Paracanoagem na categoria Canoa (VL2) 200m, realizado no início de julho último em Curitiba-PR, também concorda que a avaliação sobre Fernando falhou e que ele deveria ser da categoria KL2 e não KL1.

“Na verdade, ninguém [paratletas] concorda com essa modo de classificação funcional.  É ridícula, inoperante e ditatorial. É notório que tem um jogo de interesses. O Fernando é KL2”, todo mundo sabe, mas não faz nada”, declarou Wercley.

Paracanoista cearense também é prejudicado 


O paratleta cearense revelou que também foi prejudicado pelo modelo de classificação que o Comitê Paralimpico Brasiliero adota. 

“Bem, eu tenho pouco equilíbrio por não ter perna. Os ‘cotoquinhos’ que tenho, são curtos. Isso aumenta o meu desequilíbrio no caiaque. Mesmo assim, fui classificado na KL2, mas, acredito que eu deveria ser KL1”, 

desabafa Wercley que foi diagnosticado com deformação dos membros inferiores ao nascer, em decorrência da sua mãe ter usado a Talidomida, para passar os enjoos frequentes, nos primeiros meses de gestação.

Paratletas se beneficiam da fragilidade do modelo de classificação funcional


O medalhista cearense citou também um caso ocorrido no Brasileiro de Paracanoagem, bastante comentado entre os atletas, no qual um atleta [não relevou o nome], usa muletas e se locomove e estava inscrito no Caiaque KL2.

“Ora, se ele consegue ficar ereto mesmo com muletas, quer dizer que ele tem musculatura ativa nas pernas, pode até ser pouca, mas tem. Nesse caso, a classificação diz que, te tiver ação muscular inferior é KL3, mas ele disputou KL2”, detalhou Wercley.

Exemplo


Mesmo fora das Paraolimpíadas, o Ex-BBB serve de espelho para que outras pessoas com deficiência pratiquem a canoagem de esporte de alto rendimento. É o caso paratleta, Felipe Pacheco, tetraplégico que começou a remar por influência do Fernando, que também participou do ‘Conversa com Bial’

O tetracampeão paralimpico (2010 a 2013) Fernando acredita que à época tentou fazer de tudo pelos bastidores para reverter essa situação, mais não conseguiu. Mas, agora, com apoio dos atletas e da sociedade, as derrotas podem se transformar em conquistas. 

“Acabei pagando um preço caro por isso: fui desclassificado para as Paraolimpiadas 2014.Me calei diante desse absurdo, mas o esporte paralimpico tá crescendo e eu acredito que isso também vai mudar” concluiu Fernando ao Bial.

Tentamos contato com a assessoria de imprensa do Comitê Paralimpico Brasileiro para se posicionar sobre essa polêmica, mas até a publicação dessa matéria não obtemos retorno.

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Uerbet Santos (Da redação)

Fotos: Divulgação

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