Nesta quinta-feira (11) é comemorado o aniversário da maranhense e primeira romancista negra do Brasil, Maria Firmina dos Reis.
Em sua homenagem, foi instituído o Projeto de Lei Projeto de Lei 10.763 de 27 de dezembro de 2017 na sua data de nascimento (11 de Março de 1822) o “Dia da Mulher Maranhense”.
Acreditava -se que a verdadeira data de nascimento de Maria Firmina fora 11 de outubro de 1825.
Prova disso é que o governo do Estado do Maranhão, com base em um Projeto pioneiro de autoria do saudoso advogado e Deputado Estadual Celso Coutinho, do município de Guimarães (cidade natal de Firmina), promulgado em 1975, ano do sesquicentenario de nascimento de Maria Firmina, sansionou o Projeto de Lei 3.754 de 27 de Maio de 1976, indicando tal data como o "Dia da Mulher Maranhense.
Mas, pesquisas documentais recentes constataram que a real data de nascimento de Maria Firmina era 11 de março de 1822.
Constatada a verdadeira data, o então deputado estadual , Eduardo Braide, solicitou a Assémbleia Legislativa a alteração do documento e o governo do Estado sancionou o PL 10.763 de 27 de dezembro de 2017 , ratificando o 11 de março como a nova data do "Dia da Mulher Maranhense".
"Subversiva e transgressora" Assim, Maria Firmina dos Reis era considerada pela sociedade da sua época, que não admitia ter uma mulher com atividade intelectual.
No Brasil colônia, era praticamente impossível para uma mulher expor sua opinião contra a escravidão.
E Maria Firmina ousou, transgrediu e conseguiu. Em razão disso, muitas vezes, teve que usar um pseudônimo para publicar suas obras, a exemplo disso, sua obra magnífica: Ursula.
O romance publicado em 1859, em pleno romantismo, é marcado por uma visão peculiar da autora no que tange ao possível discurso das minorias no século XIX.
Sua narrativa inova e seu discurso parece romper com a tradicional visão do negro difundida nos romances da época.
No que tange à mulher na sociedade brasileira do século XIX, de uma maneira geral, sabe-se que esta vivia em condições reclusas, sem acesso à educação formal ou à vida cultural e literária do país.
A escritora é um exemplo de mulher que teve acesso à educação, mesmo sendo afro-brasileira. Dessa forma, pode-se dizer que a educação foi a forma encontrada para que a autora manifestasse sua visão crítica quanto à sociedade em que vivia.
De acordo com alguns pesquisadores, Maria Firmina dos Reis foi escritora e musicista, além também de escrever poesias e crônicas.
Seu livro Úrsula denuncia a condição das mulheres e do negro na sociedade do século XIX, demonstrando uma nova ótica no tratamento dado à questão de caracterização do africano sequestrado pelos colonizadores, em uma época de teorias de “superioridades raciais” e preconceito.
"Sim, para que estas lágrimas?!...Dizes bem! Elas são inúteis, meu Deus; mas é um tributo de saudade, que não posso deixar de render a quem me foi caro! [...] Tranquila no seio da felicidade, via despontar o sol rutilante e ardente do meu país. Ah, Túlio, tudo me obrigaram os bárbaros a deixar! oh! tudo, até a própria liberdade", trecho de Úrsula onde o discurso da preta Susana, personagem do livro, é posto em cena, desde a saída forçada de sua terra natal, a África, até o abandono de sua família e os horrores sofridos no navio negreiro.
Parabéns à Maria Firmina dos Reis e a todas às mulheres aguerridas e transgressoras desse Maranhão que continuam ousando para serem ouvidas, lidas e respeitadas!
Artigo da advogada e defensora dos direitos da mulher, Fabrinn Coymbra (foto) especial para o Blog do Jornalista Uerbet Santos
Ilustração de Maria Firmina: Divulgação/Web